terça-feira, 28 de junho de 2011

Caçada da rainha


Caçada da rainha


         Dizem os anciões de Cavalcante, que a caçada da rainha, festa tradicional do nordeste Goiano, teve origem em uma visita que a Princesa Izabel, a redentora fez ao município.
         Para recebê-la, os moradores mais abastados de Cavalcante foram em comitiva, a cavalo, encontrá-la na entrada da cidade, onde deram vários tiros em comemoração a chegada da princesa. Da sede, os moradores que ficaram responderam com centenas de tiros.(foguetes)
         Mas os negros, que não possuíam cavalos, ficaram em vigília festiva para receber a “Princesa” que os libertara, dançando e cantando ao som de viola e de vários instrumentos de percussão feitos por eles mesmos com árvores do cerrado e couro de gado e caças.
         Quando a comitiva chegou já estava lá uma multidão dançando o batuque, a chamada dança da Súcia.



Desde 1830 que existe esta festa. Mas em 1960, o Padre Geraldo, tendo considerando que a data na qual se celebra Nossa Senhora do Rosário é o mês de outubro, ele não aceitou que a comunidade continuasse a festejá-la fora da data e a partir de 1961, festa deixa de existir: nem em outubro, nem em julho, vindo a ser resgatada só em 1989.


Atualmente a caçada da rainha acontece geralmente às 15:00 horas. A rainha e o rei acompanhados pelo príncipe e a princesa são escondidos atrás do Morro Encantado pelos alferes e o caixeiro. O rei e o príncipe ficam escondidos separados da rainha, da princesa e do alferes. Alguns caretas permanecem pelas ruas da cidade, organizando a caçada e animando o publico. Enquanto isso os cavaleiros e amazonas se posicionam a espera de um sinal para partirem em busca da rainha. Quando recebem autorização, eles correm em disparada á procura da comitiva. Há uma grande disputa entre os mesmos para encontrar a comitiva. Quando um dos esconderijos é descoberto, soltam foguetes para anunciar aos demais cavaleiros, mas o mérito maior é para quem encontra a rainha.
O retorno para o centro da cidade só ocorre quando a rainha e o rei são encontrados, e aí começa a se organizarem de forma hierárquica a almejada volta. Os cavaleiros se  posicionam em duas fileiras, o alferes, a rainha, a princesa e as mulheres vão pela Avenida Silvino Ferreira e o caixeiro, o rei, o príncipe e os homens pela Rua Direita. A entrada é triunfal, os cavaleiros guiados pelo alferes e caixeiro.
Na praça Diogo Teles Cavalcante a população já aguarda ansiosa o retorno da caçada. Chegando à praça, é o encontro dos casais, as mulheres estendem o lenço aos homens e seguem em frente guiados pelo alferes e o caixeiro onde realizam o ritual “OITO DE CONTAS”. que consta de uma volta ao redor da praça em forma de oito. Depois seguem em frente para a Igreja de Sant’Ana, o alferes balança a bandeira do Espírito Santo e Nossa Senhora do Rosário, fazendo venas em frente do cruzeiro e a Igreja passando por baixo de um arco. Ao termino do ritual, todos são recebidos na barraca com Batuque e a Súcia.

BATUQUE: O tradicional batuque da rainha é uma celebração festiva. Ao som da onça (principal instrumento), caixa, pandeiros e as mulheres dançam a súcia (dança de origem africana). Esta dança é apreciada pela população geral; crianças, jovens. Idosos, visitantes e turistas, todos entram no ritmo ao som de uma série de versos repetidos continuamente, onde o puxador canta o primeiro e a população responde. As mulheres dançam com garrafas de bebidas num  equilíbrio sincronizado com a música.


Lá vem o rei mais a rainha
O rei é seu e a rainha é minha


A rainha é de ouro, de ouro só
O rei é de couro, é de couro só

Canoeiro, canoeiro, o que é que trouxe na canoa?
Trouxe ouro, trouxe prata, trouxe muita coisa boa.

ONÇA:  É o principal instrumento do batuque confeccionada por pessoas da comunidade – utiliza-se um pedaço do tronco de árvore oco (mirindiba, tambor ou marinheiro), tampado com couro de um lado das extremidades e com uma vareta no centro. É tocada por duas pessoas, uma na frente, montada no tronco que bate na cara da onça e o outra abaixando atrás, puxando a vareta amarrado num barbante preso no tampo da frente, que  é chamado de rabo e produz o ronco, som do instrumento. E quando a onça ronca ninguém fica parado.

Reinado

Nossa Senhora do Rosário


No segundo dia da festa, acontece a grande cerimônia do reinado (coroação do Rei e da Rainha).
A congada sai pelas ruas dançando e cantando lamentações africanas e indígenas, soltando fogos e chamando a comunidade para o cortejo.
Chegando a residência da Rainha, a congada abençoa a casa e pede proteção aos familiares e segue com o cortejo até a Igreja, onde é realizada a coroação do Rei e da Rainha, cantando os benditos. Logo após é feito o sorteio dos festeiros do próximo ano.
Retornam em cortejo à residência do festeiro, onde servem um banquete. 
Mariangela e Ronan
2010

 Jeyne e Ary Filho
 2009


Congada13 Maio
2009

 Jeyne e Ary Filho
 2009